quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Tenho um novo coração!


Hoje tive uma daquelas experiências que motivam e faz dar vida ao coração de qualquer andante. Cheguei meio de canto, sentei-me a esquerda do telão central e ali senti tremores e calafrios, em seguida sentimento de tranqüilidade. Fui tomado de um desejo de partilha, de troca e de reflexão. Coloquei-me no lugar de parceiro e de ouvinte, compreendendo um pouco das angustias, limites e possibilidades do trabalho em educação num município que tem o título de capital dos livros. Se bem que ultimamente não vejo mais as pessoas nas praças fazendo suas leituras como tempos atrás. Não imaginava em nenhum momento a reação que se apresentaria. Até porque se faz um novo ano, uma nova direção política e um novo processo de aprendizado. Minutos antes ouviam-se palavras proferidas por sua simpatia e firmeza que definiam um pouco do trabalho que estava sendo proposto. Palavras repletas de significado e de simbologias que são construídas e absorvidas por cada um de uma forma diferente embora concreta, dando novo sentido ao fazer profissional ou reafirmando valores anteriormente construídos. Do alto de sua consciência concreta, aqueles olhos me chamaram para ocupar seu espaço e estabelecer uma relação de conexão. Tomei cuidado para medir palavras, mas também coloquei o pé na jaca. Tem coisas que precisam ser revistas, conceitos que precisam ser aprofundados e experiência que precisam ser focadas. Falamos de nossa sociedade e do papel e importância do educador no contexto da transformação social e política. Da necessidade premente de ouvir o outro e de repensar velhas práticas educativas. Tomar-se de autoridade e não de autoritarismo. Estabelecer o respeito na relação com o estudante e sua família e principalmente ter atenção a todos os sinais que são apresentados no cotidiano institucional. Estabelecer uma relação de vínculo afetivo, de confiança e também de aprendizado com os pequenos transformadores. Garantir a cidadania em supremacia ao conteúdo. Parar quando tiver que parar, problematizar quando tiver que falar e sentir quando tiver que sentir com o intuito de construir esse novo devir, cheio de alegrias e sem apagadores violentos que voam. Enquanto falava, muitas coisas passavam pela minha cabeça. Lembrava do tempo de Movimento Estudantil Secundarista, depois Universitário. Das lutas em prol de uma educação gratuita e de qualidade. Das vitórias e derrotas estabelecidas na Fundação Assistencial Dois Irmãos. E com todo o amor do mundo pensava que pode ser muito simples materializar uma educação que promova a transformação, bastando apenas comprometimento e uma boa proposta político pedagógica, que sirva de guia e de direção para o exercício profissional. Não sei se disse tudo isso, mas lembro que meu corpo ardia de desejo. Percebi alguns olhares de luta. Outros pareciam distantes. Alguns reflexivos. Quem sabe tenha quem não ouviu. O importante mesmo foi partilhar. Mas enfim deixei um pouco da minha vida, do meu trabalho e dos meus sonhos com aquelas pessoas e comigo foi-se um novo coração.

2 comentários:

  1. Não vou me estender no comentário mas quero dizer que li e que também tive a mesma experiência animadora, não na mesma "cena" mas em uma outra [com certeza, similar]. Tenho lido se blog amigo, fique sabendo que suas palavras não ficaram sem registro ou sem propósito. Grande abraço. Ass.: Clérice Rodrigo de Moura - SMH.

    ResponderExcluir
  2. Ola...

    Vim hoje pela primeira vez e gostei do que li.
    Naum tenho muitos argumentos, mas assinalei uma frase do teu texto que acho fundamental: "sentir quando tem que sentir". Acho que eh o que nos falta, pois sentir e se permitir perceber e explorar os significantes eh fundamental para sermos melhores. Se temmos sentimentos, temos mais chances de sermos sensatos, de fazer as coisas com mais verdade, de naum nos calar com a falta ou com a injustica.

    Abraco

    Zeh

    ResponderExcluir